Áreas poluídas próximas a córregos urbanos geram transtornos à população de Uberlândia.


O Rio Uberabinha recebe lixo direta e indiretamente,
quando o mesmo é arrastado de outros pontos da cidade pelas chuvas
Uberlândia tem 27 córregos em toda a extensão urbana, segundo dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Destes, cinco estão total ou parcialmente canalizados e os demais, a céu aberto. E apesar de haver coleta de lixo nesses locais, é possível ver, nas imediações, o acúmulo de resíduos sólidos. O espaço do entorno dos córregos Liso, no bairro Pacaembu, na zona norte da cidade, e Lagoinha, no bairro de mesmo nome, na zona sul da cidade, por exemplo, são alvos de descarte incorreto de sujeiras, segundo moradores das imediações.


Para o vigilante Aparecido Rodrigues, a responsabilidade da sujeira é da população. Há nove anos, ele mora próximo ao córrego Lagoinha e afirma que o espaço sempre foi alvo do descarte incorreto de lixo por parte da vizinhança. “A coleta vem aqui mais ou menos a cada 15 dias, mas, mesmo assim, o local é sempre cheio de lixo”, disse Rodrigues. Ainda segundo o vigilante, o acúmulo de lixo nestas áreas provoca transtornos para os próprios moradores, como mau cheiro e aparecimento de ratos e insetos. “Há pouco mais de dois meses, o córrego inundou por causa de uma enchente e nós ficamos sem condições de transitar nas ruas aqui perto”, afirmou.
A operadora de serviços gerais Marilsa de Souza vivencia uma situação semelhante no bairro Pacaembu, zona norte da cidade. Ela mora há quase dez anos nos arredores do córrego Liso e diz que a poluição do espaço incomoda. “Além da aparência ruim nas áreas, a água fica suja e o lugar, malcheiroso”, afirmou. Para ela, uma alternativa seria punir os infratores. “Acho que deveriam fiscalizar mais de perto e aplicar multas a quem polui o ambiente”, disse.

Espaços conservados também foram encontrados

Apesar do acúmulo de lixo nas encostas de alguns córregos da cidade, no entorno de outros é possível identificar boas condições de uso. É o caso do córrego Vinhedo, no Gávea Hill, zona sul de Uberlândia, que dispõe de área com natureza preservada. De acordo com o desenhista industrial Márcio Antônio Dorázio, que vai ao local com frequência, o espaço é sempre limpo. “É raro encontrar lixo no chão. Os descartes são sempre na lixeira ou, então, os próprios moradores dos arredores se encarregam de dar fim ao lixo”, disse.
A mesma cena se repete no córrego Bons Olhos, próximo ao Cidade Jardim, também na zona sul da cidade. De acordo com Erick Vieira do Nascimento, proprietário de um açougue no bairro, a população não descarta lixo na beira do local. “O único aspecto que, às vezes, gera transtorno é o mato, quando cresce, por causa dos animais”, afirmou.
No Parque Santa Luzia a realidade não é diferente
Multas de R$ 700 a R$ 80 mil podem ser aplicadas

Procurado pela reportagem do CORREIO para falar sobre o lixo nas encostas de córregos da cidade, o assessor da Secretaria de Meio Ambiente, Sérgio Augusto Pedroso, afirmou que a limpeza é realizada periodicamente. “Sempre que recebemos uma denúncia ou que algum agente ambiental detecta a necessidade de limpeza, acionamos a Secretaria de Serviços Urbanos, que faz a retirada do lixo”, disse. Segundo ele, para minimizar os impactos ambientais, a secretaria planeja intensificar as ações de conscientização da população. “O que percebemos é que mesmo com a limpeza, as encostas estão constantemente sujas. É preciso que a população compreenda a importância de se manterem esses locais limpos, até para a preservação da própria saúde”, afirmou.
Ainda segundo ele, caso o cidadão seja flagrado descartando lixo de modo inadequado, poderá ser autuado e multado. A penalidade pode variar de R$ 700 a R$ 80 mil, dependendo do grau da infração e da reincidência do infrator.

Parque linear Uberabinha
 
Inaugurado em junho de 2012, o trecho do parque linear do rio Uberabinha entre os bairros Daniel Fonseca e Jaraguá, zona central e oeste, apresenta uma situação diferente. Do lado do bairro Jaraguá, em que há pista de caminhada e local para exercícios físicos, não há problemas quanto ao acúmulo de lixo. De acordo com o pintor César Augusto Lourenço, que passa pelo parque diariamente, o local recebe diversas pessoas e, mesmo em horários de movimento, não fica sujo. “Acho que, do mesmo jeito que tem gente que faz o descarte inadequado, há pessoas que se preocupam e cuidam do espaço”, disse. 
 
Entorno do córrego do Lagoinha está cheio de sujeira
 
Do outro lado, no bairro Daniel Fonseca, o comerciante Vander Morais afirma que a área enfrenta problemas com a limpeza. “Há sacos plásticos jogados no chão, o mato está alto e há muito lixo descartado de modo inadequado”, disse, referindo-se não somente às áreas próximas ao local, como também a um trecho da margem do rio.
 
Veja galeria de imagens dos locais mais degradados em Uberlândia

Comentários