O simples que se torna simplesmente crucial
Lata de lixo com compartimento separado para garrafas e latas, uma mudança simples e que facilita a reciclagem. Foto por Duda Menegassi |
Um dos maiores desafios de qualquer metrópole para se tornar mais sustentável é reduzir o lixo produzido. Grandes cidades vêm com grandes populações e, consequentemente, com enormes quantidades de lixo. Vancouver, cidade canadense que ambiciona ser a mais verde do mundo, aposta principalmente na reciclagem para inverter essa condição de desperdício diário.
Numa cidade com alto poder de capital como Vancouver, é inevitável a intensa atividade do comércio de supérfluos. Não é possível parar o consumo, porém pode-se orientar o que é consumido, como é consumido e, além disso, o que é feito após o consumo. O descarte às vezes é subestimado. Há tempos já fomos além do “jogue lixo no lixo” e estará fazendo a sua parte, hoje, para contribuir com a causa do planeta, é preciso jogar na lixeira certa. Separar os materiais é uma forma de dinamizar o processo de reaproveitá-las em novos produtos.
Não é só apenas reusar aquilo que seria jogado fora, mas reduzir a quantidade de lixo produzido. Sacolas plásticas e embalagens são grandes vilãs nessa questão. As clássicas sacolinhas de supermercado, tão práticas e multifuncionais, são produzidas aos milhares em qualquer metrópole, e Vancouver não escapa da regra. A prefeitura tomou a iniciativa de bani-las em 2008, mas a proposta não vingou na esfera provincial, que é quem tem o poder efetivo de decretar o banimento das sacolas. Estima-se que, por ano, na Colúmbia Britânica, província onde se encontra Vancouver, sejam distribuídas cerca de 1.5 bilhões de sacolas de plástico.
carinhosamente chamada de “Recycling Room” (Sala da reciclagem). |
Enquanto a burocracia não permite que Vancouver possa banir as sacolinhas, alguns supermercados e lojas dão sua contribuição para a causa. Há os que deem descontos caso o cliente tenha sua própria sacola, os que cobram para dá-las e os que produzem sacolas biodegradáveis. Entretanto, ainda existem diversos pontos de venda que distribuem os sacos plásticos de forma imperturbável. A consciência acaba sendo do consumidor. Por isso, na corrida para ser a cidade mais verde do mundo em 2020, Vancouver aposta nos seus próprios moradores como principais agentes da mudança.
Para facilitar a ação dos seus indivíduos, a prefeitura de Vancouver toma medidas simples e “auto educadoras”. Por toda a cidade estão espalhadas latas de lixo com um suporte especial dedicado à garrafas e latas, o que facilita a separação do material para reciclagem. Além disso, a maioria dos prédios residenciais possui lixeiras exclusivas para materiais recicláveis, como contêineres de plástico, vidro, derivados de papel e papelão. A reciclagem é uma ideia simples, que uma vez incorporada à lógica da cidade, se torna um comportamento orgânico entre a população. Em Vancouver, é comum reciclar. É um conceito básico e vital para a cidade que quer reduzir seu desperdício à nível zero.
A ideia de reciclar transforma o desperdício em desenvolvimento sustentável. Assim como fugir de embalagens desnecessárias ou dispensar a sacolinha plástica descartável por uma de pano reutilizável; evitar o isopor e outros materiais não recicláveis. Em qualquer parte do mundo, em grandes metrópoles ou pequenas vilas, a sustentabilidade estará sempre apoiada nos ombros dos moradores. São eles que farão suas escolhas e ditarão o padrão de comportamento. O governo é só um guia, que infelizmente nem todos os povos podem confiar. Por isso, é importante se mirar no exemplo de quem está alguns passos a frente na busca pelo equilíbrio entre ser humano e o seu ecossistema.
Por: Duda Menegassi
Fonte: o((eco))
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