Enquanto o Brasil foca na saída de Marcos Feliciano, Blairo Maggi continua ileso na CMA.
Blairo Maggi ocupa um lugar de onde nunca deveria ter se aproximado, a presidência da Comissão de Meio Ambiente - CMA. |
Enquanto o Brasil ferve para derrubar o pastor Marco Feliciano da presidência
da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara, um silêncio de
cemitério generalizado permite que o ruralista Blairo Maggi, ganhador da
Motosserra de Ouro do Greenpeace alguns anos atrás e hoje presidente da Comissão
de Meio Ambiente (CMA) do Senado, trabalhe em paz aguardando, com seus colegas
de latifúndio, a próxima lei ambiental para rejeitar e a próxima lei
pró-ruralismo para aprovar.
Mal sabe o Brasil que o barão da soja Maggi assumiu a CMA quase na mesma
época em que o fundamentalista Feliciano assumiu a CDHM, e que a comissão
ambiental tem entre seus 17 titulares os ruralistas Garibaldi Alves Filho, Ivo
Cassol, Kátia Abreu e José Agripino e tem o também ruralista Eunício Oliveira
como suplente de seu “companheiro de latifúndio” Ivo Cassol, não contando, em
contrapartida, com nenhum nome ligado direta e conhecidamente à politização da
causa ambiental.
Embora a situação da CMA aparente ser menos desconfortável do que a CDHM da
Câmara Federal por não ser essencialmente encabeçada pela “gang” endinheirada
das terras, é mais que incômoda a presença de cinco ruralistas, diretamente
interessados no desmonte das leis ambientais brasileiras, outrora conhecidas
como uma das mais rígidas legislações de proteção ambiental do mundo, e na
concessão de cada vez mais privilégios socioambientais ao agronegócio que
desmata, polui, degrada, escraviza, intimida e mata.
Corremos o sério risco de ver sendo barrados projetos de lei do Senado que
visem a ampliação dos direitos ambientais dos brasileiros e, por isso, ver o
verde do território brasileiro ser ameaçado de morte. Mas infelizmente não se
vem conseguindo passar esse alarme ao Brasil. O movimento ambientalista
brasileiro ainda está longe de ter a força crescente dos movimentos defensores
dos Direitos Humanos e da libertação das minorias políticas e, por isso, pouco
tem conseguido fazer para acordar a opinião pública sobre o problema de ter
ruralistas numa comissão de meio ambiente.
Não só os Direitos Humanos estão ameaçados com Feliciano e o PSC na CDHM da
Câmara, como também os nossos direitos ambientais também correm risco severo com
Blairo Maggi e mais quatro defensores do latifúndio na CMA do Senado. Por isso,
o ideal seria que o povo que grita e protesta contra Marco Feliciano também faça
o mesmo contra os ruralistas que estão na comissão que deveria assegurar a
integridade da porção brasileira da biosfera.
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