Viaturas da PM de Minas Gerais também estão sem combustível para sair às ruas
Estacionamento da Polícia na Avenida Andradas BH Foto: Jornal Hoje em Dia |
Assim como o a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desevolvimento Susutentável (SEMAD), a Polícia Militar de Minas também estão sofrendo com a falta de combustível, de acodo com o Jornal Hoje em Dia. Na Avenida dos Andradas, no Centro de BH, várias viaturas ficaram paradas na última quarta-feira (3).
Veja a reportagem completa abaixo:
A falta de combustível para manter as viaturas da Polícia Militar já prejudica as vigilâncias ostensiva e preventiva em Minas Gerais. No interior, o problema afeta pelo menos três batalhões há cerca de duas semanas. Na capital, a corporação atua há pelo menos seis dias em esquema de rodízio ou racionamento: algumas guarnições recebem, no máximo, 20 litros para rodar por semana.
Essa quantidade é insuficiente para o serviço de segurança pública em Belo Horizonte, segundo a Associação dos Praças da PM (Aspra). Algumas viaturas chegam a percorrer até 400 km por semana. Um Fiat Palio, muito comum na frota da polícia, roda até 12 km/litro na cidade, por exemplo. Com a quantidade de gasolina fornecida, atingiria, no máximo, 240 km de distância.
Na última quarta-feira (3), os policiais do Batalhão de Choque, no bairro Gameleira, não tiveram como reforçar a Operação Natalina, realizada nos principais centros comerciais da capital. Isso porque a unidade foi escolhida para o rodízio. As viaturas permaneceram no pátio e até o ônibus utilizado para o deslocamento da tropa não saiu do local.
Na última segunda-feira, o rodízio atingiu o 34º Batalhão, no bairro Caiçara. “A ordem é conter os gastos operacionais. Sem gasolina, o pátio ficou lotado de viaturas”, conta um sargento, que pediu para não ter o nome revelado.
Policiais ouvidos pelo Hoje em Dia garantem que os chamados de emergência (190) ainda não foram prejudicados. A forma encontrada para economizar combustível foi diminuir o patrulhamento nas ruas. “Não tinha como rodar”, disse um cabo do 34º Batalhão, em referência à região Noroeste na segunda-feira passada.
Em nota, a Superintendência Central de Imprensa do Governo de Minas (Secom) negou a falta de abastecimento e informou que as viaturas dos órgãos de segurança pública do Estado estão circulando normalmente.
“Não existe limitação no abastecimento de combustível, que é feito normalmente e de acordo com a capacidade do tanque de cada viatura. A recomendação de uso racional de insumos é praxe na administração pública estadual, dentro de uma política de uso eficiente de recursos públicos – sem qualquer impacto sobre a atuação dos órgãos de segurança pública”, informou a nota.
Sem informar a vigência ou os valores pagos, o governo disse que há um contrato para fornecimento de combustível feito por meio de licitação com a Ipiranga Distribuidora.
Abastecimento
A Polícia Militar possui, atualmente, 56 postos de combustíveis em Minas Gerais, sendo 15 na Região Metropolitana de BH e o restante no interior do Estado.
O combustível é adquirido no atacado e armazenado nas unidades da PM, Corpo de Bombeiros e Polícia Civil, que possuem postos próprios de abastecimento. Essa é a primeira vez que não há combustível para as viaturas da polícia, segundo a Aspra.
O coordenador do Centro de Pesquisa em Segurança Pública da PUC Minas, Luis Flávio Sapori, acredita que a situação influencia diretamente no aumento da criminalidade. “Esse cenário irá favorecer a elevação de roubos, furtos e homicídios, além da sensação de insegurança da população”, afirmou.
Batalhões
A mesma restrição foi encontrada nas unidades do 16º Batalhão, no bairro Santa Tereza, região Leste de BH, e no 5º Batalhão, no Gameleira, região Oeste, além das unidades de Betim e Contagem (RMBH).
“Sem viatura, não temos como fazer patrulhamento. Os deslocamentos também ficam restritos por causa da pouca gasolina”, salientou um cabo, que pediu para não ser identificado.
No interior
Em algumas unidades do interior, o policiamento também está comprometido devido à falta de combustível. Em Conselheiro Lafaiete, região Central de Minas, os militares do 31º Batalhão estão limitando o serviço. “Parte do patrulhamento está sendo feito a pé, isso quando é possível. Mas permanecem os deslocamentos para atendimentos de urgência e emergência. Por enquanto, o serviço está sendo prestado, resta saber até quando”, descreveu um sargento, que solicitou sigilo do nome.
Na 13ª Região da Polícia Militar, em Barbacena, na Zona da Mata, a restrição preocupa os militares responsáveis pelo serviço de prevenção à criminalidade. “Quero ver quando tivermos que perseguir algum bandido e faltar gasolina para o cerco. Como vamos manter a segurança da população se não temos viaturas?”, indagou um sargento que atua na região, que também pediu anonimato.
Por duas semanas, a unidade do 50º Batalhão de Polícia Militar de Montes Claros, no Norte de Minas, teve que limitar o uso da gasolina nas viaturas. “As bombas estavam no limite e, para não ficarmos sem combustível, a quantidade disponível foi reduzida. O problema é que nosso patrulhamento preventivo ficou comprometido”, conta um cabo, que não quis se identificar. A Aspra informa que o problema afeta também o pleno funcionamento do Corpo de Bombeiros.
Escassez de combustível atinge também a Civil
Nas unidades da Polícia Civil também há escassez de combustível para as viaturas. Para abastecer os veículos, a corporação utiliza as bombas localizadas na garagem da unidade que fica no bairro Santa Efigênia, na região Leste da capital, e em postos de combustíveis conveniados espalhados pela região Centro-Sul de Belo Horizonte. No interior, grande parte desse abastecimento é feito por meio de convênios com postos.
Na última segunda-feira, os policiais receberam a informação de que teriam que economizar gasolina durante as diligências. “Fui abastecer a viatura e colocaram apenas 30 litros. Não deu para percorrer nem a metade do percurso que minha equipe tinha para o dia. O que mais me espantou foi saber que a quantidade era para a semana toda”, conta um investigador, que solicitou anonimato.
A Assessoria da Polícia Civil reconheceu que houve a recomendação para a economia no abastecimento dos veículos, porém disse que o caso foi pontual e que não comprometeu o serviço da corporação.
Com uma frota de 4.342 veículos em todo o Estado, a Polícia Civil informou que não houve nenhuma interrupção no deslocamento das viaturas da unidade.
Porém, a informação de que o problema foi solucionado é contestada por quem realiza o trabalho de investigação. “Estamos proibidos de abastecer nos postos conveniados porque a parceria foi suspensa. E a bomba que temos dentro da corporação está no limite”, contou um agente da polícia, que também solicitou anonimato.
Apenas as operações previamente programadas estão sendo realizadas no Estado. “Como existe essa recomendação de economia de combustível, as prioridades são as operações policiais que já estavam previstas em cada departamento”, explica outro investigador.
Para o Sindicato dos Policiais Civis de Minas Gerais (Sindpol), a falta de gasolina compromete a conclusão das investigações. “É o colapso da segurança pública em Minas. Isso afeta as diligências, os processos de apuração e investigação até nos resultados das operações que levam meses para serem elaboradas. Um trabalho jogado fora”, avalia o presidente do Sindpol, Denilson Martins. (G.S.).
Fonte: Jornal Hoje em Dia.
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